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Solar Anuar Fares

Atualizado: 27 de ago. de 2018




A rua XV de novembro vai se estendendo de modo a desembocar na Matriz de Nossa Senhora Piedade, onde de certa forma tudo começou. Todavia, à direita de quem sobe a artéria principal da cidade, pode-se admirar a singularidade do Solar Anuar Fares. A fachada em tom de amarelo e o contorno de suas janelas em azul resultam em uma composição harmônica. Em verdade, a antiga residência do Deputado Anuar Fares é pura sutileza: leve nos traços, elegante na sua apresentação. Talvez pela urgência do

cotidiano, poucos a notem e conheçam a história de seu último morador.


Muitos atributos possuiu Anuar Fares que, além de político, tendo ocupado o cargo público de deputado estadual, foi um conceituado advogado nesta comarca e inspetor federal de ensino. Também acumulou as funções de professor, presidente da Corporação Musical “Lira Barbacenense”, colaborador de jornais da cidade como o “Correio da Serra” e criador do jornal “O Fantoche” em 1933. Ademais, Anuar Fares foi poeta, sendo de sua autoria o “Poema ao soldado desconhecido que não o dos monumentos” em que revela outro viés acerca dos soldados que, costumeiramente, são apenas homenageados pela sua “bravura” em defender sua pátria. Nesta composição, Fares lastima as atrocidades de muitos soldados que, em guerra com outros povos, cometem atos de brutalidade contra mulheres e crianças. Nos primeiros versos: “Os homens arrancaram-te a consciência e automatizaram os teus nervos”, Fares já inicia tocando na frieza de muitos soldados, resultado das ideias que previamente lhe foram incutidas. O curioso é o poema não seguir a ideia de um tributo e sim tratar de um lado

sombrio nem sempre revelado.


Anuar Fares Menhem tinha ascendência sírio-libanesa. Seus pais eram Jacob Fares Menhem e D. Zahia Abrão Fares, conhecida por todos como D. Zahira. Seus avós maternos eram Elias Abrão, radicado em Barbacena e D. Sada Elias que morreu ainda no Líbano. Sendo filho único, foi criado por sua mãe na maior parte do tempo, já que esta ficou viúva quando Anuar Fares ainda estava em tenra idade. D. Zahira dirigia uma casa comercial de confecções e tecidos finos que ficava defronte ao atual Solar. Fares, figura de grande conceito, casou-se com D. Rachel Teixeira Fares com quem teve cinco filhos:

Laila, Raquel, Cláudia, Leonardo e Ângelo.


A construção do Solar é do princípio de século XIX e sempre abrigou relevantes personalidades municipais e estaduais, sendo o último proprietário e morador o Deputado Anuar Fares. A edificação possui tipologia colonial, tendo em sua fachada frontal grande porta central com soleira em pedra sabão, bandeira fixa envidraçada e cinco janelas com fechamento do tipo guilhotina, com caixilho em madeira e vidro. Possui desnível interno para o hall de entrada que a partir desse se dão os acessos para as áreas social, profissional e íntima. Na época da construção, os atendimentos profissionais eram realizados nas próprias residências, sendo que neste sobrado

funcionava o escritório de advocacia do Dr. Anuar Fares.


A edificação apresenta partido retangular desenvolvido em único pavimento, com o embasamento em pedra. A cobertura do Solar é em quatro águas com telhas cerâmicas tipo capa e bica e beiral resolvido por cimalha reta em madeira pintada na fachada

principal e por cachorrada na lateral.


O Solar de Anuar Fares é exemplo de certo desconhecimento que muitos possuem sobre a história de Barbacena e sobre figuras que a compõem. Muitos transitam pelo centro da cidade sem saberem que pelo mesmo chão grandes personalidades já passaram e que suas respectivas existências somaram contribuições para os tempos

que agora vivemos.



Autor: Lílian Ribeiro Mendes Apolinário

Fotos: Victor Hugo Vieira

 
 
 

1 comentario


afmenhem
02 jun 2020

Caros organizadores e autores do Arqrizoma. Em primeiro lugar gostaria de dar os parabéns pela oportunidade e qualidade dessa publicação. Uma cidade tão descuidada de sua arquitetura muito tem a se beneficiar por essa iniciativa.


Em segundo lugar, na qualidade de filho de Anuar Fares Menhem, gostaria de contribuir ajudando a retificar dois pequenos pontos no post “Solar Anuar Fares”. 1) a grafia do nome da segunda filha é Rachel, como nossa mãe, e não Raquel. 2) Anuar teve seis e não cinco filhos, tendo sido omitido o nome de Lúcia, minha irmã caçula.

Obrigado.

Angelo Fares Menhem

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