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Rizoma: Uma Cidade em Movimento

Desenho à mão
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6 - O que descobrimos

      Durante o processo percebemos nos alunos o desconhecimento da história local e de sua inserção no contexto do patrimônio cultural de Barbacena para a construção da cidadania através da memória e da identidade. Esta lacuna provoca a desvalorização do patrimônio e o consequente abandono referencial destes bens na formação da cidadania. A falta de identidade com o município e o desconhecimento da história local como memória são resultantes da insuficiência de conteúdo ou disciplina no currículo do ensino fundamental, e até mesmo do ensino médio, que trate do tema. Descobrimos, também, que depois que os estudantes estabelecem relação de conhecimento com a história local e suas referências arquitetônicas através do roteiro e do diálogo, fica evidente a possibilidade da construção de um novo olhar sobre a cidade como espaço de memória,

 

 

7 – O que propomos

      Apesar do Currículo Básico Comum do Ensino Fundamental da Secretaria de Estado da Educação/MG incluir tópicos sobre a história mundial, brasileira e mineira, a inexistência de estudos mais aprofundados sobre a história local, no nosso caso, de Barbacena, deixando este tópico aos cuidados exclusivos do professor, gera uma lacuna no aprendizado do aluno e na construção de sua identidade através da memória da comunidade.

Diante deste quadro, propomos:

1 – A inclusão de um conteúdo ou disciplina de Patrimônio Cultural no currículo básico do ensino público, com ênfase na história local e regional, visando a construção da identidade através da memória;

2 – Elaboração de um roteiro cultural em cada município com foco no patrimônio cultural para ser utilizado através de visitas guiadas como complemento didático.

3 – Implantação de um programa de extensão universitária pela Unipac em suas cidades sedes com alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo para a manutenção da plataforma digital e coordenação das visitas guiadas.

 

 

8 – Equipe da Pesquisa

Orientador:  Professor Mestre Sérgio Cardoso Ayres;

Aluno Bolsista: Letícia Bispo do Nascimento

Alunos Voluntários: Gabriela Sthefanie da Silva, Lilian Ribeiro Mendes Apolinário, Victor Hugo Paolucci Vieira; Rafaela Freitas Quirino, Nicole Carvalho de Paula, André Vitor Campos de Castro, Luan Andrade Bertolino Tostes, Karina Aparecida da Costa Neto, Mariana Rakan Balbino Ferreira, Patrícia Ferrão de Carvalho.

 

9 - Agradecimentos

Agradecimento a todos que participaram desse projeto: Kleber Camargo e Jonas Arthur Souza, coordenadores do Polo de Educação Integrada; Antônio Chala Sade, fundador do Museu Sade; Cristina Abreu, pedagoga e professora municipal; Roseli dos Santos, historiadora e professora; Frederico Ozanam, aluno do curso de Arquitetura; Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico; Luís Otávio Campos Faustino Vieira, arquiteto e professor.

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4 – O que fizemos

      Procuramos entender a cidade como espaço de memória e identidade, e levar este conhecimento na forma de vivências e de conceitos aos estudantes da rede pública, para que eles possam refletir sobre o patrimônio cultural de Barbacena e sua atual situação através de um roteiro cultural pelo núcleo histórico do surgimento da cidade, espaço urbano que é protegido por lei e possui 54 bens patrimoniais em seu perímetro.

5 – Metodologia que usamos

A pesquisa utiliza o conceito de rizoma desenvolvido por Felix Guattari e Gilles Deleuze no que diz respeito à ramificação, temporalidade e acaso na construção da realidade urbana. Já o conceito de representação social, de Roger Chartier, é utilizado para analisar a ocupação e utilização popular dos espaços urbanos. De Sandra Jatahy Pesavento aproveitamos a relação entre história e urbanismo e também a visão da cidade como espaço de questionamento.

A plataforma digital se constrói através de fotos, textos e contexto de 54 bens tombados, com o levantamento dos dados referentes a cada um dos bens elaborados pelos alunos do curso de Arquitetura, contendo histórico e estilo arquitetônico.

            Para as visitas guiadas, em número de dezoito, seguimos o mesmo modelo que funciona há nove anos no programa de Visita Guiada ao Patrimônio Cultural. Para a execução, firmamos uma parceria com o Polo Musical e Artes Cênicas da Educação Integral Integrada de Barbacena, que reúne as escolas estaduais Adelaide Bias Fortes, Amílcar Savassi, Bias Fortes e Pio XI.

Dividimos os alunos do Polo, de faixa etária entre 7 e 13 anos, em grupos coordenados por um bolsista voluntário, que utiliza de fotografias de detalhes arquitetônicos para os imóveis serem identificados pelos participantes. Os alunos respondem a dois questionários distintos com perguntas versando sobre memória, patrimônio, identidade, cultura e espaços públicos, como também registram em desenhos o que de mais interessante perceberam ao longo do trajeto.

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Eu estudo para ter conhecimento. Se eu tenho e acumulo conhecimento, eu passo a ter memória. A partir da minha memória, eu construo uma identidade e me identifico com ela. De posse de minha identidade, percebo a fragilidade daquilo que sou, e o risco que corro de perder as minhas referências. E como a memória é a história de nossas e de outras vidas, que formam uma identidade, eu preciso valorizar estas memórias para manter minha identidade viva. Ou seja, eu passo a ter ciência da necessidade fundamental de preservar tudo aquilo que me compõe.

Sérgio Cardoso Ayres/ Letícia Bispo.

 

 

1 - Introdução

      Quando o espaço público é o tema principal de uma pesquisa científica, temos que ressaltar a importância da observação e do reconhecimento dos aspectos históricos, sociais, culturais e arquitetônicos para o exercício da apropriação deste espaço pela população e pelas políticas públicas de preservação do patrimônio cultural de uma determinada comunidade. Em se tratando das cidades brasileiras, a crise provocada pelo desenvolvimento sem sustentabilidade e o colapso econômico que atinge os serviços públicos contribuem a deterioração das referências memorialísticas e identitárias, gerando esquecimento e abandono.

Para observar e reconhecer a cidade como extensão do ser humano, ponto de partida para a valorização cultural urbana, precisamos do hábito cotidiano e do exercício de sensibilidade através de uma nova forma de olhar para a cidade – um olhar diferenciado de formas e funções, de construção e reconstrução, do público e do privado, da ação e da reação. Este olhar é formado por aquilo que somos em consonância com aquilo que vemos. Como é difícil nos ambientes diários encontrar espaço e tempo para este exercício de sensibilidade que gera intervenção, as ações que visam à educação patrimonial são iniciativas fundamentais no sentido de levar as pessoas à reconhecerem a identidade regional e estabelecer raízes para a celebração da memória urbana e da história e memória de cada um no espaço de representação social que é a cidade. 

Desta forma, o projeto “Rizoma: uma cidade em movimento” entende que, na construção da cidadania urbana, principalmente no seu posicionamento como sujeito dentro da análise do discurso, é fundamental o exercício da identidade e da memória para a apropriação do patrimônio material e imaterial que nos constitui como cidadãos e potenciais agentes de transformação da realidade.

 

2 - Objetivo

      A pesquisa tem por objetivo elaborar uma análise do patrimônio cultural de Barbacena e sua relação de identidade e memória com a comunidade através da implantação de atividades de Educação Patrimonial, como visitas guiadas, diálogos interativos, construção de uma plataforma digital envolvendo estudos urbanísticos, aplicação de questionários e a utilização dos espaços públicos barbacenenses, tomando como premissa os bens tombados e registrados como patrimônio cultural municipal, estadual e federal localizados dentro dos limites da Zona de Proteção Cultural criada pela Lei Municipal nº 4.153/2007. A pesquisa também avalia os desdobramentos do programa “Visita Guiada ao Patrimônio Cultural de Barbacena”, coordenado pelo professor mestre Sérgio Cardoso Ayres, existente há nove anos, premiado como “Amigo do Patrimônio Cultural” em 2013 pela Prefeitura de Barbacena e aprovado em 2015 pelo Fundo Estadual de Cultura/MG 

O projeto consta de um roteiro histórico, arquitetônico e cultural na referida área para estudantes da rede pública e particular, tendo como instrutores os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unipac, seja na manutenção do portal como conteúdo de disciplinas da grade curricular, seja como guias culturais do programa e como interlocutores com a sociedade civil e o poder público para adoção de medidas de proteção destes bens e de valorização do traçado urbano. Em seguida, o projeto de iniciação científica tem como meta ser transformado num programa de extensão universitária para o curso de Arquitetura e Urbanismo.

3 – Problema que deu origem à pesquisa

      Apesar de possuir 93 bens tombados e/ou registrados como patrimônio cultural municipal, é fato que os barbacenenses desconhecem o significado e a dimensão deste patrimônio, inclusive o arquitetônico, que possui exemplares barrocos e coloniais de magnitude nacional. Essa realidade pode ser observada na dificuldade de manutenção de seus imóveis de cunho histórico e na insuficiência de políticas públicas municipais efetivas e contínuas de preservação, valorização e, principalmente, de educação patrimonial junto aos estabelecimentos de ensino.

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