Passinho da Rua Vigário Brito
- ARQ RIZOMA
- 31 de jul. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de ago. de 2018
Cada Passo conta um capítulo da Paixão de Cristo. Por compaixão, cada fiel percorre um Passinho e se compadece com a dor daquele que, segundo a Bíblia, morreu por nós. Cada Passo, um recapitulo. Cada Passo, um martírio. É parte da biografia daquele que
dividiu a história da humanidade sendo recontada.
Cada Passo é uma pequena capela onde está representada uma das cenas finais da vida de Cristo no caminho ao Calvário. A palavra “Passos” tem a intenção de, simultaneamente, designar os passos de Cristo na Via Sacra quanto os passos dos fiéis
ao peregrinar tais demarcações.
Os Passinhos são como oratórios e são abertos apenas no período da Quaresma nas procissões. Sendo assim, no transcorrer do ano permanecem fechados e, comumente, não tem sua existência notada. As procissões realizadas na Semana Santa percorrem os
Passinhos para que os fiéis relembrem os passos de Cristo e façam suas orações.
O Passinho da Rua Vigário Brito foi construído no final do século XVIII. Teve seu frontispício em estilo colonial modificado com a reforma ocorrida entre os anos de 1932 e 1934. Pode se dizer que sua fachada frontal é eclética e possui características também do neogótico. A edificação possui partido quadrado de um pavimento e vão único central de acesso. Há uma portada com verga ogival, moldura em argamassa e
esquadria com duas folhas de abrir em madeira almofadada.
O revestimento da fachada é em pintura látex com relevos em argamassa. O embasamento é em pedra e também há cunhais laterais. O coroamento é feito por frontão em relevo superior em argamassa, pingadeira em telha francesa e no centro há uma cruz e pináculos correspondentes aos cunhais. A cobertura em duas águas é feita por telha cerâmica canal. O sistema construtivo é em alvenaria e concreto. Por dentro da edificação, suas paredes são pintadas em látex branca, o piso é cimentado e há um
pequeno altar em alvenaria.
As celebrações da Semana Santa se iniciam com o Domingo de Ramos. Ocorre à noite a Procissão do Encontro que encena a reunião das imagens de Nossa Senhora das Dores com o Bom Jesus dos Passos. Em seguida a procissão caminha pelos outros Passos, quando se cantam os motetos (músicas em latim). Na sexta-feira santa quando ocorre a Procissão do Enterro, acontece também o tradicional Canto da Verônica, no qual uma jovem carrega um véu com a representação do rosto de Cristo. Verônica ao entoar seu canto na procissão, simbolicamente, representa o encontro dela com Jesus na Via
Crucis, quando enxugou a face de Cristo, marcando-a, por resultado, no véu.
O Passinho da Rua Vigário Brito assistiu muitos cortejos passarem por ele. Rememora todo ano os capítulos finais de Cristo com a mesma fé. Ouviu orações recheadas de devoção e singulares motetos. Na Quaresma, tem seu auge e entra em palco. Mas no resto do ano, volta para os bastidores. No silêncio permanece quieto, como se fosse um
eterno Amém!
Autor: Lílian Ribeiro Mendes Apolinário
Fotos: Victor Hugo Vieira
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