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Passinho da Praça dos Andradas

Atualizado: 28 de ago. de 2018







A cidade guarda certas singularidades que cabe a quem transita por ela, olhá-la com maior curiosidade para reconhecê-la diferente. Com uma leitura mais apurada há de se contemplar o Passinho da Praça dos Andradas. Erguido no final do século XVIII, acoplado ao Solar dos Andradas, o Passinho é um dos personagens que agregam o elenco arquitetônico do centro da cidade. Coadjuvante, alguns diriam; contudo, não menos importante. Fato é que o Passinho tem sua maior atuação pré-destinada. Entra em palco sempre na Quaresma, quando para compor o ritual da Semana Santa, os fiéis fazem dele

uma simbólica parada.


A religiosidade foi sempre uma tônica no que concerne a cultura mineira. A fé de quem acredita no intangível se materializou através dos tempos na arquitetura. Quando se fala em Minas Gerais, há sempre um registro na memória de uma igreja colonial que marcava, geralmente, o início de uma cidade. Ao semear a fé, nascem os ritos. Reviver a Via Sacra é um deles no tempo da Quaresma. Os Passinhos são edificações que relembram cada capítulo do sofrimento de Jesus Cristo e tornam-se espaço sagrado

para aqueles que compartilham da mesma crença.


Intrínseca a sua arquitetura, o Passinho da Praça dos Andradas possui fachada eclética, porém, são predominantes as características do estilo neogótico. Encontra-se entre o Solar dos Andradas e o Edifício Mercantil, portanto não há afastamentos laterais e nem posterior. Nota-se apenas sua fachada frontal, possuindo esta portada com verga em arco pleno, moldura em argamassa e esquadria com duas folhas; seu revestimento em pintura látex e relevos em argamassa. Seu embasamento é em pedra e há cunhais

laterais.


A configuração do coroamento é por frontão com óculo central e relevo superior em argamassa. Há uma cruz centralizada e pináculos correspondentes aos cunhais. A cobertura tem seu caimento em duas águas e é feita com telha cerâmica canal. O sistema construtivo é em estrutura autônoma em alvenaria e concreto. No interior da edificação, seu piso é cimentado, suas paredes são revestidas com pintura látex branca,

forro em saia e camisa. Consta também um pequeno altar central em alvenaria.


Certas tradições permanecem como que para pontuar o calendário e delinear o tempo. A Quaresma para aqueles que repousam sua fé no Cristianismo, é tempo de reflexão. Alguns realizam promessas como um sacrifício e intentam rememorar o sofrimento de Cristo, acreditando serem um pouco “cúmplices” de sua Paixão. A Semana Santa coroa esse momento e os Passinhos ajudam a contar os capítulos finais da vida daquele que dividiu a representação e contagem do tempo antes e depois da sua vinda

ao mundo.



Autor: Lílian Ribeiro Mendes Apolinário

Fotos: Victor Hugo Vieira

 
 
 

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