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Fundação Porphíria e José Máximo de Magalhães

Atualizado: 27 de ago. de 2018




O século XX ainda estava começando a ter os seus primeiros capítulos escritos e Barbacena passava por um processo de remodelação. A arquitetura como espelho disso, dava adeus a imóveis considerados antigos, escolha feita pelo município de fazer com o que era considerado mais antiquado desse lugar ao novo, isto é, abdicou-se da preservação, diferente de municípios próximos aqui que se tornaram conhecidas cidades

históricas por terem o seu conjunto arquitetônico conservado.


O fato é que esta decisão norteou o crescimento da cidade e culminou na mudança de sua morfologia. O urbanismo como técnica de organização de uma cidade se tornou um espelho dessas novas intenções e, por exemplo, novas vias foram abertas como é o caso da Avenida Bias Fortes. Esta artéria tão importante para a circulação em Barbacena foi de iniciativa de Orlando Piergentili, imigrante italiano que se estabeleceu aqui com sua família na virada do século e que muito se empenhou no desenvolvimento da cidade.


Inaugurada a Avenida Bias Fortes, abriu-se espaço para novos imóveis. Um dos primeiros de grandes proporções desta via foi o prédio da Fundação Porphíria e José Máximo Magalhães. A razão de ser desta Fundação é a de um pensionato para abrigar moças que tinham o objetivo de estudar ou trabalhar na cidade. É uma instituição filantrópica de caráter leigo-religioso, criada através de uma cláusula do testamento de Olinto Máximo de Magalhães, falecido em 1948, que deixou uma quantia para a Sra. Estela Vilela, parte de sua descendência, para que esta criasse um pensionato para moças. Olinto era filho do Coronel José Máximo de Magalhães e de Porphíria Heleodora Marques de Magalhães que dão nome à instituição. Nascido em 1867, em Barbacena, Olinto era um dos médicos mais conceituados da cidade e tratou da tuberculose de Floriano Peixoto que ficou hospedado na casa de seus pais. A convite deste e como forma de agradecê-lo pela sua cura, Olinto se tornou diplomata no governo de Floriano, o segundo mandato republicano. Casou-se com Isabel Porciúncula de Magalhães em

1903 em Paris.


O prédio onde atualmente funciona o pensionato foi iniciado em 1949 e concluído em 1954. A Fundação foi inaugurada em 1º de novembro de 1957 tendo como diretora por mais de 30 anos a Sra. Estela da Cruz Machado Vilela, descendente de Olinto. Desde sua inauguração não houve interrupções em seu funcionamento e muitas famílias que não contavam com recursos para financiar a estadia de suas filhas foram atendidas pela

Fundação para que estas moças pudessem realizar os seus estudos.


A Fundação Porphíria e José Máximo de Magalhães somou desenvolvimento para a avenida e outras edificações foram sendo criadas, enquanto que a rua XV de novembro passava por um processo de descaracterização dos imóveis antigos. Tendo sido sempre utilizado para o mesmo fim desde sua criação, o prédio da Fundação possui tipologia colonial com adereços em ferro. Seu partido construtivo é desenvolvido em três pavimentos.


Com formato retangular, sua fachada é ritmada, sendo a porta principal descentralizada e composta por duas folhas cegas em madeira e várias janelas em duas folhas de veneziana em madeira, bem como guilhotina em madeira e vidro. Seu sistema construtivo é com pilares de concreto e fundação em concreto armado com cobertura de capa e bica, coroamento em frontão e cimalha em massa. O piso externo da entrada principal é em ladrilho hidráulico acromático e no degrau da soleira foi utilizado pedra sabão. O piso interno é em tacos de madeira, ladrilho hidráulico ornamentado, cerâmica

vermelha e granilite.


A ornamentar a área externa há um gracioso jardim que compõe o paisagismo, trazendo docilidade à entrada. Sendo as cores predominantes da fachada azul e branco, a edificação parece emanar uma atmosfera de paz e serenidade para quem a contempla. Essa conjuntura parece consonante a quem lá do alto do prédio, olha tranquila e que já viu muitas moças passarem. É que no topo há a imagem de Nossa

Senhora das Graças como que para coroar.



Autor: Lílian Ribeiro Mendes Apolinário

Fotos: Victor Hugo Vieira

 
 
 

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